Estudo mostrou que
apenas 20% das mulheres com câncer de mama são
diagnosticadas no estágio inicial da
doença.
Nem todas as
brasileiras têm acesso a um diagnóstico precoce do câncer de mama. Um estudo
revelou que a doença aparece quase sempre associada à dificuldade de conseguir
tratamento.
Além de demorar pra descobrir o câncer de mama, muitas brasileiras sofrem com a espera para começar o tratamento, que pode chegar a seis meses e até um ano. É uma demora muito grande para quem corre contra o tempo.
A pedagoga Mônia Evangelhista conseguiu vencer um câncer na mama diagnosticado três anos atrás, quando tinha 29 anos. Ela é uma brasileira que tem o privilégio de contar com um convênio médico particular para tratar da saúde. Mesmo assim, enfrentou problemas com o médico do convênio.
“Na época, eu
confiei e acreditei no médico. Ele falou que não tinha necessidade de operar
rápido, que isso demorava muito para evoluir e que não tinha perigo. Não podia
ter demorado tanto. O nódulo tinha 1,5 cm na mamografia e, quando eu operei,
ele já estava em 5 cm. Ele evoluiu muito rápido”, lembra a pedagoga.
O caso de
Mônia certamente seria pior se ela não tivesse convênio e precisasse ser
atendida pela rede pública de saúde. Na questão do câncer de mama, a literatura
médica é quase uma ficção, quando se pensa no Sistema Público de Saúde (SUS).
A
recomendação médica é que depois da biópsia seja feita, no máximo em três
meses, a cirurgia e que, depois da cirurgia, o tratamento comece imediatamente.
“No sistema
público, é muito difícil que o tratamento definitivo seja feito antes de seis
meses. E você perder seis meses pode ter uma diferença enorme para a paciente,
pode prejudicá-la”, aponta o oncologista Max Mano, do Instituto do Câncer de
São Paulo.
Ao todo, 75%
dos brasileiros dependem do SUS como única fonte de atendimento à saúde.
Um estudo
feito em centros de oncologia de todo o Brasil, entre 2006 e 2009, mostrou que
apenas 20% das mulheres com câncer de mama no país são diagnosticadas no
estágio inicial da doença. Nos Estados Unidos, o índice é de 61%. O problema é
mais grave na rede pública de saúde, onde 37% das mulheres descobrem a doença
em estágio avançado.
O estudo
mostrou também que, enquanto no estado de São Paulo existem 335 máquinas para
radioterapia, no estado de Roraima, existem apenas duas.
“O que o
Ministério da Saúde afirma é que, de 2009 a 2011, houve um aumento de mais de
267% do numero de mamografias realizadas no país. O Ministério da Saúde vem
desenvolvendo, desde 2010, um processo de capacitação e aumento de
profissionais, não somente profissionais médicos para o tratamento do câncer de
mama, mas também profissionais técnicos para aumentar a oferta desses
profissionais e aumentar o número de exames e o diagnóstico precoce para que
esse paciente chegue na alta complexidade com menor tempo de estádio da
doença”, declara José Eduardo Fogolin Passos, coordenador de alta e média
complexidade do Mato Grosso do Sul.
Luciana Holtz
é presidente do Instituto Oncoguia, que defende os direitos dos pacientes com
câncer, e recebe muitas reclamações. “O que a gente sabe hoje é que a paciente
com câncer de mama brasileira está sofrendo em alguns casos na fila, esperando
por cirurgia, esperando para começar um tratamento de quimioterapia, esperando
para fazer radioterapia. Então, isso é muito grave. A gente sabe hoje que, com
o diagnóstico em mãos, isso precisa acontecer muito rápido, de forma ágil e de
qualidade. Então, ela está esperando e a gente sabe que as pacientes podem
inclusive, infelizmente, chegar a morrer”, declara.
Ainda de
acordo com o Ministério da Saúde, o tratamento de alta complexidade do câncer
de mama oferecido pelo Sistema Único de Saúde é o mesmo oferecido na rede
privada. O ministério também afirma que não há falta de equipamentos. O país
conta com mais de 2,5 mil mamógrafos, número acima do necessário previsto para
atender a população, segundo o ministério.
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